O mês de maio é nacionalmente conhecido como o mês de enfrentamento e prevenção ao abuso e à exploração sexual de crianças e adolescentes. No entanto, o mês de maio se foi, mas a conscientização combate esses crimes devem permanecer durante todos os dias do ano. O abuso e a exploração sexual contra crianças e adolescentes é uma das formas mais perversas de violência, por isso, vamos entender, a partir do ponto de vista de quatro especialistas, como deve ser abordagem desse tema tão importante. Combate ao abuso sexual de crianças e adolescentes em condomínios.

Mesmo com a maior sensação de segurança dentro do condomínio, os espaços não estão livres desses casos. Infelizmente, isso pode ser mais presente do que imaginamos. Por isso, através do programa Condominial News Nacional, ouvimos um psicólogo, um advogado criminalista, uma síndica e ex-professora e um gestor condominial, dessa forma, podemos entender o que deve ser feito para combater esses crimes dentro do âmbito condominial também.

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O que os números dizem

Antes de discutir as ações dentro de condomínios em si, é importante frisar que, de acordo com o MMFDH (Ministério da Mulher, Família e dos Direitos Humanos), houve um aumento de denúncias de 45% nos casos de abuso sexual contra crianças e adolescentes no ano passado. Esses dados foram comparados a números de 2019. O Relatório do Disque 100 ainda mostra que 69% dos casos de violência contra crianças e adolescentes são recorrentes. Fora os que não foram denunciados por diversos motivos.

Ainda de acordo com o Relatório do Disque 100, serviço de denúncias e proteção contra violação de direitos humanos, mostra que 72% dos casos de violência contra crianças e adolescentes ocorrem na casa da vítima ou do agressor. Fato que também é citado pelo psicólogo e palestrante, André Freitas. Nesse sentido, ele diz que esses crimes ocorrem muitas vezes nos círculos sociais próximos, podendo incluir aí, o condomínio. 

Combate ao abuso sexual de crianças e adolescentes em condomínios

A ex-professora, síndica e embaixadora de campanhas contra o abuso de crianças e adolescentes, Adriana Reys, faz sua análise sobre esses casos. Hoje, administrando um condomínio, Adriana usa de sua experiência no contato com crianças e adolescentes para conscientizar e observar possíveis incidências desses crimes. Ela conta que, muitas vezes, falta diálogo dos pais com as crianças.

“Eu como síndica, noto muitas crianças no condomínio. Creio que os responsáveis devem prestar atenção nas crianças. Os pais devem observar tudo e conversar.”

Adriana conta que já houveram casos que as crianças comunicavam e reagiam a abusos mas que não eram ouvidas. O que também é apontado por André. Conforme o psicólogo, pais e cuidadores devem estar atentos às mudanças de comportamento da criança ou do adolescente.

“Se de uma hora pra outra ela muda, pode ser um sinal. É importante os pais estarem atentos a marcas no corpo, desempenho escolar, fobias. São vários tipos de mudanças. Os pais devem conversar e estar atentos. Vítimas de abuso sofrem com a vergonha e medo de expor isso.” ressalta o psicólogo.

Preservação da vítima

Altamiro Fernandes também é gestor condominial, e conta que já presenciou casos como esse. De acordo com ele, no momento que é percebido o que ocorreu, os pais exigem que o síndico se envolva e denuncie. O que não é aconselhável pela justiça, como defendido pelo advogado criminalista Thiago Rech, que frisa:

“Em casos que ocorrem dentro de condomínios, devem se preservar nomes. Dessa forma, deve existir sigilo. O síndico não deve ter acesso e nem relatar isso para outras pessoas. Assim, a fim de garantir o direito da criança ou do adolescente, evitando exposição e presumindo pela garantia de justiça plena do caso, para que não hajam falsas acusações ou enganos.”

O gestor Altamiro ainda fala que é dever de todos combater esses crimes, mas, os pais são quem possuem maior contato com a criança, a atenção por meio deles devem ser redobrados. Não tem como jogar essa responsabilidade para o síndico, por exemplo. Mas, é dever de todos zelarem pelas crianças, no caso dos gestores condominiais, observando áreas comuns do condomínio como os quiosques, churrasqueiras e outros espaços.

Rede de comunicação preventiva

Por fim, se houver um caso de abuso e violência, os pais devem imediatamente procurar as autoridades, até como uma forma de evitar que casos semelhantes aconteçam com outras crianças que residam no mesmo meio.

Todos entendem que o papel do síndico é criar uma rede de comunicação preventiva. Essa é a melhor forma de combater esse crime, propagando informação. O psicólogo André, frisa:

“É uma situação que constrange. Por isso deve haver um debate no âmbito do condomínio também. Se informar e propagar informação. Ouvir e se fazer ouvir. A informação é uma das ferramentas mais importantes para impedir esses crimes, por isso a discussão deve chegar ao condomínio também.”

Propagar informações

Adriana ainda conta que: “É importante dialogar com funcionários para eles também ficarem espertos com possíveis ações de abusos que podem acontecer dentro do condomínio. Dessa forma, necessário criar uma rede de segurança. A maior parte dos abusos são cometidos por pessoas próximas e, grande parte, parentes. Por isso, é necessário perceber os sinais.”

Dessa forma, a chave para se combater mal é a propagação de informações. André finaliza contando que:

“Às vezes se tem a falsa segurança de que tá dentro do condomínio e nada vai acontecer, mas como consta nos dados o maior número de casos são feitos por pessoas que estão por perto. É um assunto amplo, então a educação deve ser expandida. A abordagem e respeito a saúde emocional. Trabalhar esses traumas no âmbito familiar.  Antes de tudo prevenir, por meio de informações. Promover discussões, palestras, colocar banner, envolver toda a comunidade para falar sobre esse tema. Quebrando o silêncio.”

Por fim, Adriana conclui que os adultos têm que estar dispostos a ouvir crianças e adolescentes, e, mais que isso, perceber os sinais. Nada deve passar batido. Thiago finaliza dizendo que se os pais têm dúvidas do que se configura o abuso, ou até mesmo se não sabe o que fazer, as autoridades devem ser procuradas o quanto antes.

Edição: Uesley Durães, Redação Condomeeting | Conteúdo com base na entrevista “Abuso contra Crianças e Adolescentes em Condomínio | Condominial News Nacional”

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