Precisamos entender e compreender nossas fachadas com um olhar mais crítico. As fachadas pastilhadas vêm sendo alvo de rejeição por muitos síndicos e condôminos. Mas será que esse revestimento é realmente um vilão? Fachada pastilhada: dor de cabeça ou só um revestimento mal compreendido?
Não é de hoje que casos de desprendimentos e acidentes com quedas de pastilhas viram notícia no Brasil. Em virtude do elevado número de situações como essas, o revestimento cerâmico, ou pastilha, tem sofrido grande reprovação quando se trata de recuperar esses elementos ou até mesmo em novos projetos de retrofit.
Isso porque são obras de alto investimento inicial, e, por essa repercussão que se generalizou, esse tipo de revestimento vem sendo alvo de muitas críticas. O material tem maior resistência a condições climáticas extremas e propicia maior conforto térmico, pois absorve menos água e tem uma espessura maior do que a superfície que recebe apenas a pintura, por exemplo.
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Vantagens
Umas das vantagens das pastilhas está em sua relação custo/benefício, melhor que a da pintura. O gasto maior com os instrumentos é compensado pela praticidade para conservação do material aplicado. A durabilidade das peças é maior do que a da tinta e exige menos trabalho de manutenção.
O uso de pastilhas nas fachadas não somente imprime características contemporâneas para a arquitetura, mas também valoriza os empreendimentos, de forma financeira e estética. É um material rico. “A diversidade é imensa, podem ser pastilhas rústicas, lisas, com brilho e sem. A fachada é uma grande escultura e as pastilhas realçam suas formas”. Mas por que tantos problemas de desprendimentos de pastilhas? Por qual motivo vemos tantas fachadas demarcadas quando observamos os condomínios pela orla?
Precisamos ir a fundo nestas questões para realmente compreender e entender o que de fato está ocorrendo. Em pesquisas, notamos que no Brasil as principais causas das patologias estão relacionadas à execução. Como demonstra o gráfico da figura 01.
Figura 01: Principais origens de patologias no Brasil

Fonte: Silva e Jonov (2011).
Dessa forma, os revestimentos das nossas fachadas não seriam diferentes, pois, em média, apenas 7% dos problemas estão relacionados ao material em si. Ou seja, a pastilha não é o problema.
Portanto, para entendermos melhor a composição da nossa fachada podemos imaginar uma corrente onde cada elo tem sua função. Esses elos precisam ser bem executados para que nossa corrente seja forte e mantenha nossa fachada segura.
Essa corrente é formada da seguinte forma:
- Estrutura (pilar / Viga)
- Chapisco
- Reboco
- Argamassa colante
- Pastilha
Dessa forma, cada elo dessa corrente tem sua função e exige procedimentos e cuidados na execução. Não podemos esquecer também das juntas de dilatação e do rejunte. Em suma, quando bem projetado, o revestimento estará bem dimensionado. Com bom acabamento, ele vai garantir desempenho e durabilidade.
Fachada pastilhada: dor de cabeça ou um revestimento mal compreendido?
Portanto, são necessárias várias etapas e procedimentos para assegurar uma fachada. Contudo, claro que podem ocorrer falhas do próprio revestimento. Porém, isso pode ser evitado com o controle de qualidade.
Por fim, nós, engenheiros, temos o dever de desmistificar esse estereótipo de inimigo da fachada com o uso da boa técnica e fiscalização das nossas obras. Temos evoluído bastante na engenharia para resolver esses problemas.
Robson Seifert Rambo, Eng.º Civil Patologista, Pós-graduado em Engenharia Diagnóstica e Patologias da Construção Civil, CREA 145.429-8.
