Síndicos contam que na temporada de verão a rotatividade pode aumentar ainda mais

O Sindicato dos Empregados no Comércio Hoteleiro, Bares, Restaurantes e Similares de Balneário Camboriú e Região (Sechobar), divulgou recentemente dados relativos à criação de novas vagas para o setor para essa temporada de verão.

De acordo com o Sindicato, existem mais de 500 vagas a serem preenchidas em Balneário Camboriú e região. Com a volta do turismo em alta, após a vacinação da covid-19, a expectativa é a geração de ainda mais vagas.

No entanto, não é apenas nesse setor específico que está faltando mão de obra qualificada.  Conversamos com alguns síndicos que disseram estar com déficit dentro da área condominial também.  Por que os condomínios estão sofrendo com a falta de mão de obra?

Fomos em busca de depoimentos para entender quais são as principais necessidades para mão de obra em condomínios. Falamos com a presidente da Associação de Síndicos de Balneário Camboriú, Sonia Novaes, e com a gestora de mais de 20 residenciais, Natalia dos Santos .

Natalia começa citando um evento curioso na geração de vagas para trabalhar em condomínios. Na contramão do que diz a Sechobar, ela conta que:

“Em especial nesse momento de pandemia, tivemos muitas demissões de hotéis e foi onde contratamos pessoas mais qualificadas. No entanto, com a retomada do turismo nessa temporada, considerando que hotéis geram lucro e condomínios não, muitas pessoas voltaram para os hotéis. Tivemos faxineira que recebeu proposta salarial de 600 reais a mais com café e almoço incluso. Não temos como competir”.

Balneário Camboriú, por Jeferson Cherobim

Fatores que dificultam o preenchimento das vagas

O depoimento deixa visível uma relação de competitividade por esses profissionais. Em especial o caso de Balneário, esse fluxo intenso de entradas e saídas se dá pela chegada da temporada de verão e a melhoria nas propostas pelo setor hoteleiro.

Mas, esse não é o único fator que dificulta no preenchimento de vagas. Fatores externos como a ausência de transporte público e os baixos salários exercidos nas categorias, fazem com que essas pessoas tentem se realocar no mercado de trabalho.

A gestora Natalia pontua que: “O salário base da categoria das funções são baixos, para uma mãe ou pai provedor do sustento da família o que recebem de salário cobre o custo apenas do aluguel. A conta não fecha e aí onde pagar 50 reais a mais as pessoas saem do emprego”

Observando o cenário econômico brasileiro e as dificuldades provindas da pandemia, não tem como tirar a razão dessas pessoas que buscam por melhores oportunidades. No entanto, a gestora afirma que deveriam existir mais empresas de treinamentos para funções condominiais. De acordo com ela, isso melhoraria as relações trabalhistas e pouparia tempo e custos. 

“Sentimos falta de empresas que apliquem treinamentos para as funções que temos nos condomínios e reciclagens também para podermos ter pessoas melhor qualificadas e no nível de expectativa do cliente” conclui.

Por que os condomínios estão sofrendo com a falta de mão de obra?

Também consultada pela reportagem, Sonia Novaes aponta que as funções mais procuradas no ramo condominial são para zeladoria e limpeza. Segundo a presidente da Asbalc, muitos condomínios novos estão surgindo. O setor se encontra em franca expansão. Desse modo, a demanda por profissionais também cresce. 

“Algumas questões são inerentes a característica da nossa cidade que é uma cidade turística e que em épocas de temporada naturalmente a demanda de mão de obra oscila né? É comum em períodos de alta temporada faltar mão de obra, mas estamos percebendo que este ano a oscilação é maior. E por quê? Nós observamos que alguns condomínios que até então não tinham no seu quadro de colaboradores o zelador, e que agora estão na necessidade. Por questões internas e para melhor organização dos trabalhos” pontua Sônia.

Importância da figura do zelador

Sônia, enquanto representante dos síndicos da região de Balneário Camboriú, enxerga na zeladoria muito mais que uma função básica para o funcionamento de um condomínio. Segundo ela: 

“Hoje o zelador tem um papel importantíssimo no contexto condominial. Ele recebe os moradores e visitantes. Frequentemente o zelador acompanha perícias, vistorias, auditorias e dá suporte aos síndicos numa gama complexa de atividades que requer um conhecimento maior e mais específico”

A partir desse ponto, podemos perceber que o mercado não precisa apenas de pessoas dispostas a trabalhar nesse ramo, e sim de qualificação e condições de trabalho para essas pessoas exercerem suas funções da melhor forma.

Essas melhores condições passam, obviamente, por melhores condições empregatícias, melhores salários e melhores recursos, para que o bom profissional se sinta inserido e pertencente àquele ambiente. Sobre o tópico, Sônia finaliza: 

“Então é necessário que as empresas definam políticas para retenção dos seus talentos. Pra que quando chegue a época da alta demanda eles permaneçam na empresa. Para que eles queiram permanecer, queiram ficar. Então não é suficiente captar e atrair os bons talentos. Por fim, é imprescindível ter políticas adequadas para mantê-los na empresa”.

Uesley Durães | Redação Condomeeting