Síndicos mais experientes deram dicas e apontaram questões cruciais para um bom trabalho

Para entender mais sobre a discussão, ouvimos síndicos de diferentes perfis. A partir daí, chegamos a uma unanimidade, a necessidade maior dos síndicos, profissionais ou não, é saber ouvir. É um conjunto. Assim, a primeira dica é escutar o que o condomínio tem a dizer para você. 

Ser síndico nunca foi uma tarefa fácil. Muita cobrança, pressão por desempenho e burocracia. Essa ocupação tem se popularizado nos últimos tempos, muito em conta da grande alta no número de moradores de condomínios em todo país. De acordo com a Associação Brasileira de Síndicos e Síndicos Profissionais, a Abrassp, cerca de 68 milhões de pessoas vivem em condomínios no Brasil. Esses residenciais são administrados por mais de 421 mil síndicos em todos os lados do país. Logo, se nota a grande necessidade de discutir a ocupação de síndico no Brasil, bem como, de que forma os síndicos de primeira viagem devem agir para conseguirem desempenhar sua função de forma exemplar. Síndicos em inicio de carreira e os desafios da gestão.

Segundo o Código Civil, o síndico não precisa ser um morador ou proprietário de uma unidade no condomínio necessariamente. De antemão, a lei diz: “Art. 1.347. A assembleia escolherá um síndico, que poderá não ser condômino, para administrar o condomínio, por prazo não superior a dois anos, o qual poderá renovar-se.” No entanto, é importante se atentar a uma série de detalhes que podem fazer total diferença no dia a dia do síndico e dos condôminos antes de se candidatar a este cargo. 

A importância do síndico

Em conversa com o Ricardo Karpat para o programa Condomínio em Pauta, síndicos profissionais com experiência de décadas, comentaram sobre a imensa responsabilidade que é assumir como síndico de um condomínio. Mauro Possatto fundou uma empresa de gestão condominial que atua desde 2009 no ramo, ele aborda a necessidade dos síndicos, principalmente os menos experientes, irem em busca de conhecimento e aperfeiçoamento através de formações e certificações: 

“É um cargo muito importante dentro do condomínio. É de imensa responsabilidade. Tem que ter conhecimento. A princípio, ele é o responsável legal pelo condomínio. São inúmeras responsabilidades trabalhistas, judiciais, técnicas. Tem que buscar uma formação, certificação para ter um bom trabalho. Do mesmo modo, sem uma base de conhecimento, fica difícil o trabalho.”

Foi o que a síndica Micheli Sapelli fez. Procurada pela reportagem, contou que está na função desde o início deste ano de 2021. Ela foi eleita para função e se viu obrigada a correr atrás do maior embasamento técnico possível para desempenhar sua função. 

“Fiz um curso de sindico profissional com a Gabor, procurei me especializar sobre isso para poder atender melhor o condomínio, e desde lá eu venho participando de eventos e outros cursos para aprimorar”

Conta Micheli, que inclusive, acompanha o Portal e está por dentro de todos os eventos com selo Condomeeting.

Micheli ressaltou, ainda, que enfrentou problemas após identificar falhas de gestores passados, inclusive pedidos de destituição do cargo recentemente assumido. Segundo ela, isso se deve às mudanças propostas, substituindo prestadores de serviços e promovendo alterações aos moldes fincados por síndicos anteriores. 

Síndicos em inicio de carreira e os desafios da gestão: busca de conhecimento é essencial

Os síndicos ainda contam que é necessário ter um cuidado com a escolha e concepção dos cursos a serem feitos. Dessa forma, é importante ter atenção no momento de buscar conhecimento para não ser enganado por falsos gurus ou informações desencontradas. Portanto, ter cuidado e observar isso pode fazer toda a diferença, levando em consideração que, hoje, o síndico é responsável por um leque de atividades dentro das organizações condominiais. 

Outra consultada foi a síndica Jacira Cecatto, envolvida na administração condominial há treze anos, conta que diariamente surgem desafios que devem ser encarados com maturidade e racionalidade. De acordo com ela, é importante conhecer o condomínio em que trabalha. Isso pode ser substancial para uma boa gestão.

“É importante, primeiramente, conhecer o prédio. Portanto, conhecer as intermediações, as manutenções, os responsáveis técnicos, a construtora. Ter proximidade com essas coisas. Entender das manutenções, saber do manual e ter uma lista de prestadores de serviço para te auxiliar. Em síntese, isso tudo é muito importante.” Frisa Jacira.

Parceiros, colaboradores e prestadores de serviços

Os parceiros do condomínio, bem como os prestadores de serviços em geral, assim como citado por Jacira, são essenciais para uma boa gestão condominial. Isso pode fazer total diferença no início de gestões de novos síndicos, criar uma rede de contatos. De acordo com Charles de Souza, outro síndico profissional consultado, o network pode poupar o condomínio de muitos problemas:

“Antigamente o síndico praticamente só assinava cheque. Hoje há uma gama de atividades. Um para-raios de problemas. Do mesmo modo, ele nunca vai saber de tudo. São muitas questões técnicas, uma quantidade exorbitante. Portanto, é necessário ter parceiros. Alguém que te ajude.”

Uma rede de parceiros é a chave para uma boa gestão, como complementa o síndico Mauro:

“Tem que ir em busca, não dá para trabalhar sozinho. O mercado condominial vai te exigir muito. Antes de tudo, é necessário ter um bom network, uma rede. Muitos relacionamentos para ter com quem contar. Uma administradora pode ajudar nisso. Ninguém trabalha sozinho.”

Contudo, é necessário, também, observar os colaboradores, os parceiros e prestadores de serviço, checar suas atuações e se estão desempenhando seus trabalhos da melhor forma. Lembrando que o síndico, além de tudo, deve fiscalizar tudo que diz respeito ao condomínio. Sair da zona de conforto é essencial para o sucesso na função. O síndico é o maestro desta orquestra. 

Síndicos em inicio de carreira e os desafios da gestão: uso das tecnologias pode auxiliar na função

Outra dica dos síndicos mais experientes para os que estão começando agora, é  em relação ao uso das tecnologias. Estamos vivendo uma era de grande troca de informações. Saber explorar positivamente sistemas e aplicativos pode ajudar muito na gestão diária de um condomínio, principalmente pelo fator da praticidade e transparência.  Hoje, o mercado oferece inúmeras opções de ferramentas para consulta de finanças, identificação de problemas e gestão de manutenções. 

Por fim, e não menos importante, o síndico, mais do que ninguém, deve conhecer a cultura do seu condomínio, pois o que funciona em um condomínio pode não funcionar no outro. Dessa forma, não existe uma fórmula padrão de sucesso para uma boa gestão. Em síntese, cada lugar vai ter sua própria cultura e seus próprios problemas. É dever do síndico identificar em sua comunidade residencial quais as principais dores dos moradores. Bem como, estar sensível e aberto a diálogos e troca de conhecimentos. No entanto, não se deixe influenciar por relações próximas, o síndico deve ser isento para não ocorrer conflito de interesse, principalmente nos casos dos gestores que são escolhidos de forma orgânica.

“As pedradas vão vir de qualquer forma. Mesmo sendo um bom síndico. Mas, o importante é sempre o aprendizado.” Finalizou o síndico Mauro.

Uesley Durães | Redação Condomeeting

Programa Condomínio em Pauta