O síndico, por muito tempo, desempenhou sozinho uma rotina cansativa e pouco digital: coordenar manutenções, cobrar inadimplentes, convocar assembleias, garantir a segurança, prestar contas e ainda lidar com inúmeros conflitos. E tudo isso feito manualmente, em planilhas improvisadas, anotações em papel, telefonemas e grupos de mensagens sem controle formal, o que dificultava a fiscalização e comprometimento da transparência da gestão.
Contudo, esse cenário está mudando, várias tecnologias têm permitido uma gestão mais inteligente e organizada. Câmeras, portaria remota e sistemas inteligentes possibilitam ao síndico organizar tarefas, controlar e fiscalizar os serviços, definir prazos e acompanhar a execução de cada atividade em tempo real.
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Tecnologia e responsabilidade na gestão condominial
Porém, um ponto essencial se destaca, esses sistemas tratam um grande volume de dados pessoais e operacionais, exigindo uma gestão eficiente para evitar riscos. A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) estabelece que sejam adotadas práticas de privacidade e protocolos rigorosos de segurança da informação. Sem tais medidas, aumenta o perigo de vazamentos ou uso indevido de dados, o que pode gerar responsabilidade civil e criminal que comprometem a credibilidade da administração condominial.
Então, surge uma questão: em caso de falhas, quem responde civilmente e criminalmente? O fornecedor da tecnologia, o condomínio ou o síndico?
Por isso, a escolha de bons prestadores de serviços e a elaboração de contratos juridicamente sólidos, com cláusulas sobre responsabilidade, manutenção e garantias, são fundamentais para evitar litígios no futuro.
Capacitação, governança e assessorias especializadas
Ainda, a capacitação contínua dos gestores e colaboradores envolvidos na administração condominial é essencial. Treinamentos voltados para o uso correto das ferramentas digitais, para o entendimento da legislação vigente e para a aplicação das boas práticas de governança garantem não apenas o pleno funcionamento dos sistemas, mas também o fortalecimento da cultura de transparência e responsabilidade.
Ressalta-se também a importância das assessorias especializadas, pois uma gestão condominial moderna exige a atuação integrada de assessorias que se complementam. A assessoria jurídica, administrativa, contábil, engenharia e manutenção entre outras, ao atuarem de forma conjunta em todos os pilares da administração condominial, impulsionam de maneira decisiva uma gestão mais moderna, sem que se percam os fundamentos legais que sustentam a governança eficaz. Tratando-se de um método estratégico, que valoriza o patrimônio coletivo e fortalece a convivência harmônica.
Portanto, o gestor condominial ao unir tecnologia, segurança jurídica e eficiência dá um passo decisivo para a era digital, pois, processos ficam mais simples e automáticos, as decisões ganham mais clareza e segurança, e os moradores participam de forma mais ativa e consciente da vida condominial.
Assim, uma gestão de excelência é aquela que alia inovação tecnológica, segurança jurídica e eficiência administrativa. A tecnologia é o meio; a lei, o limite; e a gestão eficiente é o que transforma informações em decisões seguras e transparentes.

Raquel Batista Lopes Florêncio | Advogada Condominial, Imobiliário e Trabalhista
