Começamos o que talvez, seja a máxima da arborização urbana: “Árvore certa no lugar certo.” Essa frase simples é norteadora para qualquer discussão sobre como devemos tratar nossas florestas urbanas, temos nosso guia para todo o texto.

Um conceito simples mas forte o suficiente para tomadas de decisão complexas quando tratamos do manejo de espécies em áreas urbanas.

Estamos de acordo em deixar ou não uma espécie em um local que talvez não ofereça as condições ideais para o desenvolvimento do que tecnicamente chamamos de indivíduo arbóreo? Mantendo a informalidade deste texto, trataremos simplesmente como árvore.

O papel da árvore

Uma árvore, embora tenha uma definição técnica (sim, uma palmeira tecnicamente não é uma árvore), deve prioritariamente cumprir seu papel ecológico em áreas urbanas. O apelo estético deveria ser o último requisito para a escolha de uma espécie, algo que raramente ocorre no paisagismo.

Muitas paisagens urbanas tornam-se estéreis devido ao uso predominante de espécies exóticas, importadas de várias regiões do mundo, escolhidas com base no critério “está bonito”. Clientes muitas vezes desejam uma florescente Espatódia na entrada de sua fachada ou uma palmeira-fênix para o jardim de sua casa à beira-mar.

Decisões equivocadas como essas dos profissionais prejudicam o ecossistema urbano e, inevitavelmente, as florestas que circundam as cidades.

Antes de avançarmos em outra técnica importante das florestas urbanas — o manejo —, não deveria ser difícil decidir na escolha de um catálogo de aproximadamente 40 mil opções? Então, por que continuamos a insistir no uso de espécies exóticas no paisagismo?

Manejo de espécies

O manejo, frequentemente alvo de debates, envolve várias técnicas, inclusive o corte, que pode e deve ser usado em certas situações. Trata-se de uma intervenção necessária quando a árvore não apresenta condições ideais para permanecer onde está ou como está, seja por razões de saúde ou por oferecer risco ao patrimônio, às pessoas e aos elementos ao seu redor.

E quando o corte é realizado para a implantação de um empreendimento? Então, nesse caso, entra o licenciamento ambiental, que deve prever o corte e a compensação. É claro que muitas vezes isso não acontece da forma que deveria, mas não adianta olhar o processo de forma superficial.

Muitas vezes, o que é cortado são espécies exóticas que deveriam ser substituídas por espécies nativas. Se perdemos uma árvore, principalmente nativa, em área urbana, perdemos também: Controle do microclima, alimento e abrigo para fauna, barreiras naturais contra o vento, melhora na infiltração do solo e outros benefícios que poderíamos listar por horas.

Conclusão

Em conclusão, cortar uma árvore, ou algumas árvores, no meio urbano não necessariamente algo ruim, desde que feito de forma técnica, bem avaliada e com as devidas compensações legais.

A arborização urbana não é definida apenas por um conceito ou uma única especialização ou profissional. Ela é fruto de uma visão holística e deve ser embasada principalmente no que há de mais robusto na ciência. Não precisamos excluir o ser humano da equação; ao contrário, é essencial que as necessidades humanas e o meio ambiente estejam alinhados.

As cidades continuarão a existir, mas por que não com suas florestas urbanas bem planejadas? Por fim, caminhar a passos largos, sem critérios para a expansão urbana em detrimento dessas florestas, e apontar dedos para as diferentes formas de conduzi-las — como a arborização urbana —, em nada melhora as decisões futuras.

Voltamos à máxima: “Árvore certa no lugar certo”.

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