Manutenções e reformas em condomínios são comuns, mas nem toda obra pode ser feita apenas com a contratação de um pedreiro. Em muitas obras, é indispensável a ART (Anotação de Responsabilidade Técnica) e o acompanhamento de um engenheiro para evitar riscos estruturais, elétricos e até problemas legais.

Segundo o engenheiro Thiago Ladeira, especialista em consultoria e vistorias condominiais, a ART é uma exigência que protege tanto o morador quanto o condomínio. “Muitas vezes, o síndico recebe pedidos de obras aparentemente simples, mas que envolvem riscos de impacto estrutural ou elétrico. O acompanhamento técnico garante segurança e evita acidentes graves”, explica.

Quando é obrigatória a ART?

De acordo com as diretrizes do CREA, algumas obras não exigem ART, como a pintura de paredes ou a instalação de piso sobre piso. No entanto, qualquer intervenção que envolva demolição de paredes, mudanças elétricas, hidráulicas ou estruturais requer a presença de um engenheiro responsável.

Thiago dá um exemplo prático: “Já presenciei casos em que um morador derrubou uma parede sem saber que ao lado havia um pilar. Isso pode comprometer toda a estrutura do edifício. É por isso que sempre recomendamos exigir ART em qualquer obra que gere impacto.”

Obras elétricas

As reformas elétricas também merecem cuidado. Muitas vezes, o morador solicita apenas a abertura de novos pontos de tomadas, mas pode estar, na prática, criando uma nova demanda de carga elétrica. Sem estudo adequado, isso pode sobrecarregar a rede e até causar incêndios.

“Se o morador deseja instalar forno elétrico ou ar-condicionado, por exemplo, é fundamental que a obra seja acompanhada por um engenheiro. Apenas assim é possível avaliar se a infraestrutura do prédio suporta a nova carga”, destaca Thiago.

A importância da comunicação prévia

Para garantir a segurança de todos, é papel do síndico exigir que o morador apresente a comunicação de obra antes do início dos trabalhos. Mesmo quando a intervenção não precisa de ART, esse documento formaliza o tipo de serviço e permite que o condomínio tenha controle sobre o que está sendo feito.

O engenheiro reforça que muitas falhas ocorrem quando a obra é mal informada: “Às vezes, o morador diz que vai apenas trocar o piso, mas aproveita para quebrar paredes ou mexer na parte elétrica. Sem fiscalização e sem a documentação correta, os riscos aumentam muito.”

Assessoria de engenharia para condomínios

Muitos condomínios já optam por contratar empresas especializadas em assessoria técnica para acompanhar reformas e manutenções. Esse tipo de contrato pode ser feito por demanda ou em pacotes de acompanhamento mensal, garantindo suporte tanto em obras das áreas comuns quanto nas unidades privativas.

Além de fiscalizar obras, o engenheiro pode auxiliar na identificação de vazamentos, infiltrações e problemas elétricos, emitindo laudos técnicos que evitam disputas entre moradores e o condomínio.

Normas regulamentadoras e responsabilidade do síndico

Outro ponto essencial é o cumprimento das normas regulamentadoras (NRs), que tratam da segurança no trabalho dentro dos condomínios. Segundo Thiago, mesmo quando toda a mão de obra é terceirizada, o condomínio precisa ter PGR (Programa de Gerenciamento de Riscos) e PCMSO (Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional).

“O síndico assume responsabilidade civil e até criminal em caso de acidentes. Por isso, é fundamental estar amparado por laudos técnicos e relatórios de acompanhamento”, explica.

Conclusão

Reformas e manutenções em condomínios exigem planejamento e responsabilidade. Contratar um engenheiro e exigir ART nas obras que envolvem riscos estruturais ou elétricos não é burocracia: é garantia de segurança, economia e valorização do patrimônio.

Síndicos e condôminos devem entender que a prevenção sempre custa menos do que a correção. Afinal, quando o assunto é obra em condomínio, o cuidado técnico é o que garante a tranquilidade de todos.

Lanume Weiss
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