Uma chamada na madrugada de 7 de setembro mudou o rumo do Edifício Atlantis Residence, na Avenida Atlântica, em Balneário Camboriú. Pastilhas descolando em bloco no prédio vizinho acenderam o alerta e iniciaram uma jornada exemplar de retrofit, da engenharia ao financeiro, que hoje reposiciona o edifício como referência em fachada ventilada e gestão condominial de alto padrão.
A princípio, a síndica profissional Sandra Holz assumiu o Atlantis com a missão de acelerar manutenções e organizar um passivo histórico. O “estalo” veio no feriado: pastilhas se desprendendo na face frontal.
“A portaria me ligou cedo: ‘Síndica, notícia não muito boa’. As pastilhas estavam descolando em blocos e caindo no playground do vizinho. Ali começou nossa virada — acionei o conselho, a engenharia e estruturamos o passo a passo técnico e jurídico”, lembra Sandra.
Com vistoria pericial, ensaios de arrancamento e mapeamento por fachadas, a engenharia confirmou baixa aderência dos revestimentos em pontos críticos e indícios de corrosão de armaduras em sacadas expostas a maresia e ventos. Em conclusão: reparo pontual não garantiria desempenho. Portanto, era hora do retrofit e de intervenção integral.
Arquitetura desafiadora e solução sob medida
A face frontal do Atlantis Residence tem balanços e “bicos” intercalados, dificultando o uso de balancins. Dessa forma, a engenheira perita em patologias, Liçamara Campi, detalha:
“Pela geometria e pelo último pavimento triplex, o andaime fachadeiro era a única solução segura. Calculamos a sobrecarga na laje, escoramos a área técnica abaixo e implantamos monitoramento semanal de fissuras. As acomodações iniciais estabilizaram e seguimos com controle rigoroso de segurança.”
Com o acesso resolvido, a obra avançou então por frentes paralelas: remoção de pastilhas, tratamento de ferragens, regularização com estuco, impermeabilização de floreiras e substituição de forros de madeira por gesso acartonado adequado ao ambiente.
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Fachada ventilada e pele de vidro
Sem reposição viável das pastilhas originais, o condomínio aprovou a mudança de sistema: fachada ventilada com chapas cimentícias de alto desempenho (importadas), mantendo o DNA cromático (branco e azul) do edifício. No embasamento, uma mescla de azuis e cinzas facilita reposições futuras sem “manchas” visuais. Então, a etapa final prevê pele de vidro na frente marítima.
“A fachada ventilada reduz patologias por umidade, melhora o conforto e barateia a manutenção ao longo da vida útil. Se no futuro surgir um ponto crítico, a inspeção fica fácil e a intervenção, localizada — sem quebradeira generalizada”, explica Liçamara.
Sem “aditivos surpresa” no retrofit
Portanto, planejamento financeiro foi a base do sucesso. O escopo foi segmentado por fachadas, com reajustes anuais previstos (materiais e mão de obra) e chamadas de capital revisadas a cada 10–11 meses, respeitando assim o calendário municipal (pausa de obras na alta temporada).
“Trabalhamos com orçamento real, margem técnica para imprevistos e zero aditivo por falha de escopo. Iniciamos em 2021 e seguimos com entregas por etapa. O condomínio sabe quanto, quando e por quê”, ressalta Sandra.
Além disso, a conselheira Elaine Maria Cornelsen reforça o papel do conselho: “Transparência diária muda tudo. Temos grupos de WhatsApp (condôminos, técnicas e mulheres do prédio), relatórios com fotos de obra e reuniões de alinhamento. Quando a explicação é técnica e clara, a adesão vem — e a ansiedade diminui.”
Comunicação que engaja
O trio síndica–engenharia–conselho adotou uma rotina de comunicação proativa: avisos de interferência, registros fotográficos de tratamento de armaduras, critérios de medição e vistoria técnica antes de cada pagamento.
“O pagamento só sai com OK técnico formal. A obra fica mais organizada e a qualidade sobe — a equipe sabe que terá de refazer se não atender a especificação”, comenta Sandra.
Mulher à frente da obra
O Atlantis Residence reúne lideranças femininas em posições-chave. Além de Sandra, Liçamara (engenharia diagnóstica) e Eliane (conselho) sustentam decisões com método e diálogo.
“Obra longa exige firmeza técnica e cuidado com pessoas. Às vezes sou ‘a chata’ das especificações — e tudo bem: segurança e desempenho não se negociam”, brinca Liçamara.
Retrofit: Valorização que já aparece
Por fim, mesmo em obra, a percepção do mercado mudou. Unidades que valiam cerca de R$ 4 milhões no início do projeto hoje são anunciadas na casa dos oito dígitos. Ou seja, acabamento contemporâneo, aliado ao histórico técnico, reposiciona o ativo.
“Retrofit bem planejado é investimento, não custo. Blindamos o patrimônio e entregamos um edifício mais seguro, eficiente e bonito — pronto para décadas de uso”, resume Eliane.
Por que este case importa para síndicos e gestores
- Diagnóstico primeiro, obra depois: ensaios, laudos e mapeamento parametrizam decisões.
- Acesso certo, com segurança: escolha do andaime fachadeiro, escoramento e monitoramento.
- Sistema que resolve a causa: fachada ventilada troca manutenção corretiva por preventiva.
- Governança financeira: contrato fatiado, previsões de reajuste, sem aditivos.
- Comunicação contínua: transparência técnica sustenta aprovações e reduz conflitos.
Em conclusão, quando síndico, engenharia e conselho jogam do mesmo lado, a obra deixa de ser um problema e vira estratégia de valorização.


Edifício avança em retrofit com fachada ventilada em BC