A convivência em condomínios pode apresentar desafios únicos. Compreender e implementar práticas para inclusão de autistas é essencial para garantir um ambiente harmonioso e acolhedor para todos.

Hoje, vamos explorar como os síndicos e moradores podem colaborar para incluir melhor moradores com transtorno do espectro autista (TEA) em condomínios.

Entendendo o autismo

O autismo é uma condição do desenvolvimento neurológico que pode afetar a comunicação, o comportamento e a interação social. No Brasil, estima-se que cerca de 2 milhões de pessoas sejam autistas.

Cada indivíduo com autismo é único, apresentando diferentes níveis de habilidades e desafios. Por isso, é crucial ter empatia e buscar informações para entender melhor essa condição.

A importância da informação e da empatia

Caroline Serpa, síndica de dois grandes condomínios em Itajaí, compartilha sua experiência. “Tudo começou por conta de eu ter na família uma criança autista. Quando me tornei síndica, percebi a dificuldade dos moradores em entender o autismo e como lidar com ele.”

É muito importante levar essa pauta para outros síndicos, promovendo a empatia e a disseminando informação sobre o autismo. Nos condomínios que Carol é síndica, há uma média de dois a três autistas por bloco, totalizando doze blocos.

“Minha missão é explicar aos moradores o que é o autismo, como ele afeta o comportamento das crianças e como todos podem contribuir para um ambiente mais acolhedor”, pontua.

Estratégias para síndicos e moradores

Uma das principais estratégias é a promoção de campanhas de conscientização. Síndicos podem organizar palestras, distribuir materiais informativos e criar espaços de diálogo para que os moradores entendam que o comportamento das crianças autistas não é culpa dos pais, mas sim uma manifestação da condição.

Segundo Carol, é essencial adaptar o ambiente para atender às necessidades das crianças autistas. Algumas medidas que os pais podem aplicar incluem:

  • Redução de ruídos: Muitos autistas são sensíveis a ruídos. Garantir que as áreas comuns e os apartamentos sejam bem isolados acusticamente pode ajudar a minimizar desconfortos.
  • Rotina e previsibilidade: Crianças autistas têm dificuldade com mudanças de rotina. Manter uma rotina previsível e informar antecipadamente sobre qualquer alteração pode ser benéfico.
  • Espaços tranquilos: Disponibilizar espaços tranquilos onde as crianças possam se acalmar durante crises é uma medida inclusiva e necessária.

Já os síndicos devem atuar como mediadores entre os pais de crianças autistas e os demais moradores. “Ou seja, explicar a situação de maneira clara e objetiva ajuda a evitar conflitos e promove a compreensão mútua”, explica Carol.

O papel das associações e projetos de lei

A Associação de Pais e Amigos dos Autistas (AMA)

A Associação de Pais e Amigos dos Autistas (AMA) é uma organização que oferece apoio e terapias para crianças e adolescentes autistas. Ela também promove palestras e campanhas de conscientização em diversos locais, incluindo escolas, postos de saúde e condomínios.

A AMA de Itajaí, por exemplo, está sempre pronta para colaborar com síndicos e moradores para melhorar a convivência nos condomínios.

Projetos de Lei

Nesse sentido, um projeto interessante em discussão é o “Síndico Amigo do Autista”, que visa capacitar síndicos e moradores sobre como lidar com o autismo. Este projeto pode incluir medidas como a obrigatoriedade de adaptações nos condomínios e a promoção de campanhas educativas, informa Carol.

Desafios e superação

A aceitação do autismo é um processo que envolve luto e adaptação. “Muitos pais enfrentam dificuldades em compreender e aceitar a condição dos filhos. É crucial que a comunidade do condomínio ofereça apoio e compreensão durante esse processo”, comenta a síndica e mãe.

Além disso, crianças autistas frequentemente necessitam de terapias ocupacionais, fonoaudiológicas e psicológicas. Por isso, garantir que elas tenham acesso a essas terapias, mesmo em períodos de férias, é vital para manter o progresso no desenvolvimento e evitar retrocessos.

Em conclusão, a inclusão de autistas em condomínios é uma tarefa coletiva que exige empatia, informação e ação. Assim, síndicos e moradores devem trabalhar juntos para criar um ambiente acolhedor e compreensivo, onde todas as crianças possam crescer e se desenvolver com dignidade e respeito.

Dessa forma, com campanhas de conscientização, adaptações apropriadas e um esforço contínuo para entender o autismo, podemos transformar nossos condomínios em espaços verdadeiramente inclusivos.

Por fim, para mais informações sobre como implementar essas práticas no seu condomínio, entre em contato com a AMA de sua região e participe de projetos de capacitação como o “Síndico Amigo do Autista”.

Lanume Weiss - autistas
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