Todos sabem que os ruídos em apartamentos podem gerar muitas discussões e até brigas na comunidade condominial. Esse é um assunto recorrente para quem mora ou gere um edifício. De acordo com a NBR 10152 da ABNT, o nível de ruído nas residências não deve ser maior do que 35 a 45 decibéis nos dormitórios e 40 a 50 decibéis na sala de estar. Assim, deve ficar estipulado por cada convenção interna os horários limites para barulhos nos condomínios, sendo o padrão levantado nacionalmente entre às 8 e às 18 horas. Como o síndico deve lidar com o barulho no condomínio.
Para entender um pouco mais sobre as polêmicas geradas em torno da pauta, ouvimos síndicos e uma especialista em patologia das edificações.
Reclamações
O primeiro a contar sua experiência foi o síndico Rodrigo Mundim. Ele diz que, certa vez, teve que se transformar numa espécie de investigador para descobrir de onde estava vindo o ruído.
“É muito complicado essa coisa do barulho porque a gente não sabe da origem né. Então ela (moradora) reclamava do morador de cima. Eu cheguei a ir ao aos corredores pra tentar ouvir. Ficava parado até na escadaria de emergência pra tentar identificar a origem”, pontua.
Outra experiência contada por Rodrigo foi a vez que uma moradora, infeliz com sua rotina diária, de acordo com ele, e com problemas pessoais, passou a reclamar de tudo que acontecia ali. Segundo ele, tudo incomodava a inquilina, que cobrava atitudes do síndico.
Para ele, não havia motivos para intrigas, pois ninguém, além dela, havia reclamado de forma incisiva sobre barulho no condomínio. Desse modo, entrou em ação o lado apaziguador e analítico do síndico em reparar que as coisas não estavam acontecendo da forma como foram narradas.
Empatia
A forma como Rodrigo age em casos como esses vai de encontro ao que indica o outro síndico profissional, Alessandro Zagoto. Para ele, deve existir uma relação de empatia no condomínio:
“Nas circunstâncias relacionadas a barulho, entendo que sempre existirão dois lados. Por exemplo, o de uma mãe com filho mais tempo em casa, um pai em home office, a senhora do tamanco, e, até, aquele casal de idoso com seu cachorrinho.
Você está em casa, de alguma forma vai acabar gerando algum som. Dependendo do caso, podendo ser até interpretado como provocação. Precisamos muito da empatia. tentar fazer com que cada lado entenda seus limites”, conta Alessandro.
Que os síndicos devem ter habilidades de relacionamentos interpessoais para lidar com situações como essas, é notável, mas você sabia que existe um padrão estabelecido pela ABNT, desde 2013, para construções serem preparadas também para isolar ruídos?
Como o síndico deve lidar com o barulho no condomínio
A NBR 15575 estabelece níveis de qualidade que devem ser cumpridos em indicadores como desempenho acústico, durabilidade da edificação, a garantia das principais peças e a sua vida útil. A engenheira civil Liçamara Campi, conta que as obras que foram projetadas a partir de 2013 devem atender a essa demanda de isolamento acústico.
“Então, as próprias construtoras já vem direcionando as suas edificações já na fase de projeto, prevendo o acústico. O isolamento mais eficiente que a gente pode oferecer hoje para uma edificação é propor uma manta acústica que a gente instala entre o contrapiso e o piso final acabado”, conclui.
Por fim, mesclando as novas exigências para as construções com o melhor preparo dos gestores para lidar com esses casos, é possível chegar a um maior consenso sobre o tema. No entanto, discussões sempre vão ocorrer. Dessa forma, vale o conselho dos síndicos, use do bom senso sempre.
Uesley Durães | Redação Condomeeting