Manter a segurança contra incêndios em condomínios é uma tarefa que exige organização, conhecimento técnico e, principalmente, prevenção. No entanto, muitas pessoas só se dão conta da importância desse sistema quando já é tarde demais.

“Não existe gasto quando o assunto é salvar vidas; só podemos chamar isso de investimento”, afirma Júlio César Alves Lourenço, bombeiro civil credenciado no Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina, técnico em segurança do trabalho, técnico em enfermagem brigadista e socorrista, com 17 anos de experiência.

Neste artigo, vamos mostrar a importância de manter o sistema antincêndio em dia, abordando a manutenção de extintores e mangueiras, o papel das portas corta-fogo, a formação de brigadas de incêndio e as ações imediatas em caso de sinistro.

Manutenção de extintores e mangueiras

Extintores com lacres quebrados, sem recarga dentro do prazo ou mangueiras de hidrante furadas não são meros detalhes. Essas falhas podem colocar todo o prédio em risco. Segundo Júlio César, é fundamental que o síndico acompanhe as datas de vencimento e busque empresas especializadas para as manutenções obrigatórias.

“Se você recebe uma proposta de recarga muito abaixo do preço de mercado, desconfie. A vida tem valor, e um equipamento mal recarregado pode não funcionar quando mais precisamos”, alerta.

Além disso, a legislação e as normas do Inmetro determinam que a verificação de cada extintor ocorra anualmente — o mesmo vale para as mangueiras, que devem passar por testes de pressão para garantir o perfeito estado de conservação. “Um condomínio pode ter 50 mangueiras, mas se apenas 1 estiver furada, todo o sistema fica comprometido”, explica o bombeiro.

Portas corta-fogo e iluminação de emergência

Outro ponto crucial é manter as portas corta-fogo sempre fechadas e com a mola de fechamento funcionando. Júlio César lembra que muitos moradores acabam calçando essas portas para facilitar a circulação de ar ou para não ficar abrindo e fechando o tempo todo.

“Isso é um grande erro. As portas corta-fogo servem para impedir que a fumaça se alastre pelos corredores e escadas de emergência. Se ficarem abertas, perdem sua função principal.”

A iluminação de emergência também não pode ser encarada como ‘despesa dispensável’. Caso ocorra queda de energia durante um sinistro, essas luzes devem permanecer acesas por até 1h30, guiando moradores e visitantes para as saídas.

“É essencial checar baterias e lâmpadas uma vez por mês. Já vi casos em que, na hora do incêndio, tudo falhou por falta de um simples teste regular”, conta.

Rota de fuga desobstruída

Mesas decorativas, pranchas de surfe e bicicletas nos corredores podem atrapalhar (e muito) em caso de evacuação de emergência.

“Um corredor estreito com objetos pelo caminho vira uma armadilha. Em situações de pânico, qualquer obstáculo pode custar preciosos segundos e colocar vidas em risco”, alerta o especialista.

Ele destaca a importância de manter rota de fuga sinalizada, com placas claras indicando escadas, extintores e hidrantes.

Brigada de incêndio e treinamentos

Formar uma Brigada de Incêndio dentro do condomínio não deve ser visto como burocracia extra, mas como uma ação que salva vidas. A brigada deve incluir funcionários (porteiros, zeladores) e também moradores.

“É vital que essas pessoas saibam utilizar o hidrante, o extintor e até praticar primeiros socorros, como atender uma parada cardiorrespiratória ou desobstruir vias aéreas”, explica Júlio César.

Além disso, ele reforça a necessidade de simulações periódicas. “O treinamento frequente evita pânico. Em alguns simulados, encontramos moradores que, na tensão, se escondem em banheiros ou sob mesas, em vez de fugir. Ensinar a manter a calma e a seguir o plano de evacuação faz toda a diferença.”

Procedimentos em caso de sinistro

Se, mesmo com todos os cuidados, ocorrer um princípio de incêndio, o primeiro passo é ligar para o 193 (Corpo de Bombeiros). O especialista lembra que, nesse momento, a brigada de incêndio pode tentar conter o fogo com extintor ou hidrante, mas sem jamais arriscar a própria vida. “Desligar o fornecimento de energia também é crucial para evitar curtos-circuitos que possam agravar o incêndio”, ressalta.

Além disso, outra recomendação é não usar o elevador e descer até o ponto de encontro pelas escadas, sem correr, para evitar quedas. “Mantenha a calma ao máximo. Se o condomínio tem rotas de fuga bem sinalizadas, fica muito mais fácil sair sem se perder no meio da fumaça.”

Conscientização e responsabilidade do Síndico

Para Júlio César, o síndico desempenha um papel central ao coordenar as inspeções periódicas e a contratação de empresas idôneas para manutenções.

“Afinal, não adianta instalar equipamentos e deixar tudo abandonado. A rotina de verificação deve constar no cronograma do condomínio, e os moradores precisam colaborar, mantendo portas corta-fogo fechadas e corredores livres.”

Nesse sentido, o especialista também ressalta a relevância de comunicar as regras em assembleias e em murais informativos, de modo a garantir que mesmo os novos condôminos compreendam suas obrigações. “O descuido de um único morador pode comprometer toda a segurança coletiva.”

Conclusão

Ter um sistema preventivo contra incêndio em dia não é apenas atender exigências legais, mas sobretudo preservar vidas e patrimônios. No entendimento de Júlio César Alves Lourenço, prevenção e treinamento são as melhores armas contra sinistros.

Em conclusão, manter extintores atualizados, respeitar a função das portas corta-fogo e promover a participação dos moradores em simulados são passos decisivos para garantir a tranquilidade de todos.

“Segurança não é custo, é investimento. Se cada um fizer sua parte, o condomínio se torna um lugar muito mais seguro para viver e conviver”, finaliza, por fim, o bombeiro.

Lanume Weiss
Marazul Piscinas