Com furtos em elevação, facilidades como delivery 24h e a popularização do home office, o fluxo de visitantes aumentou muito nos prédios brasileiros. Dessa forma, síndicos precisam adotar modelos de portaria mais rápidos, confiáveis e sustentáveis — sem depender apenas de vigilantes presenciais.
Quem reforça essa visão é diretor da ITB Engenharia e parceiro da Condocasa, Carlos Cassol. “Portaria não é apenas ‘abrir porta’. É estratégia, dados e tecnologia gerando conforto sem abrir mão da segurança”, comenta.
O especialista explica que o sistema híbrido há um porteiro físico mais câmeras, biometria facial ou tag RFID. Esse sistema continua popular em condomínios de grande porte, mas tem custos fixos elevados (salários, encargos, rotatividade) e risco de falha humana. O híbrido costuma ser a porta de entrada para quem ainda não se sente pronto para migrar totalmente à tecnologia.
Portaria remota entregou economia, mas revelou gargalos
Quando o porteiro é substituído por um operador num call center, o condomínio diminui folha salarial e ganha monitoramento 24h gravado em nuvem. Entretanto, o morador fica na dependência do tempo de resposta do atendente.
Se a liberação da catraca ou do portão leva mais de alguns segundos, aquele espaço entre a calçada e a garagem vira território de risco. “A oportunidade faz o ladrão”, alerta Cassol.
Portaria autônoma: tecnologia na mão de quem mora
O salto seguinte é retirar a central remota do processo e empoderar o próprio condômino. Toda a triagem acontece no aplicativo: o morador gera convites pelo celular, define horário de validade e escolhe se o visitante usará QR Code, senha temporária ou reconhecimento facial. Quando o carro chega, o leitor de placas confirma a credencial e o portão ultrarrápido abre. Nenhum operador intermediário, nenhuma fila, tudo registrado em nuvem.
Cassol destaca que esse modelo muda a percepção de segurança: “Em três segundos o veículo está dentro da clausura, portão fechado, risco zero de efeito carona. É a velocidade que faz a diferença.”
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O papel decisivo do Smart Gate
Se o software garante identificação, o Smart Gate, portão de tela termoplástica com estrutura em inox e abertura em 0,5s, assegura a barreira física. Por pesar cerca de 30 kg — contra até 500 kg de um portão metálico — ele exige pouco esforço do motor, reduz paradas por manutenção e fecha antes mesmo que um intruso perceba a brecha.
A combinação Smart Gate mais a clausura (dois portões consecutivos) tem se tornado padrão em condomínios horizontais de alto padrão e edifícios que não podem arcar com falhas na madrugada.
Entretanto, a portaria autônoma só funciona se o síndico adotar um app condominial único, capaz de concentrar: cadastro de moradores, convites, financeiro, enquetes e reservas de área comum. Assim, o visitante recebe tudo pelo WhatsApp e chega com a credencial pronta; o morador idoso aprende apenas um fluxo e o gestor extrai relatórios de acesso com poucos cliques.
Por onde começar? Estudo de risco antes da compra
Antes de optar por qualquer tecnologia, Cassol recomenda contratar um laudo de vulnerabilidade, como faz o coronel da reserva Fernando José Luiz: “Sem diagnosticar pontos cegos, nível de criminalidade da região e rotinas dos moradores, o condomínio compra equipamentos às cegas.”
Assim, com o mapa de riscos em mãos, o síndico decide qual modelo — híbrido, remoto ou autônomo — é financeiramente viável e tecnicamente eficaz.
Nos contratos de comodato a infraestrutura (câmeras, controladoras, portões) fica sob responsabilidade da empresa e o condomínio paga uma mensalidade que inclui plantão 24h, peças de reposição e atualizações. Essa modalidade evita que o investimento vire sucata em três anos e alivia o caixa para outras melhorias.
Tendências para os próximos cinco anos
Especialistas apontam três frentes inevitáveis:
- Energia limpa em CFTV – câmeras alimentadas por placa solar e baterias de longa duração, dispensando cabeamento externo.
- Predial inteligente integrado ao BIM – construtoras entregam o projeto de segurança junto ao modelo 3D, facilitando manutenções futuras.
- Análise preditiva via IA – software que cruza imagens com históricos para alertar o síndico sobre comportamento suspeito antes do incidente.
Contudo, portaria autônoma não substitui planejamento. Ela depende de:
- estudo técnico de riscos;
- fornecedor com equipe CLT, estoque local e SLA de 24 h;
- moradores treinados no aplicativo.
Quando esses pilares se alinham, o condomínio deixa de “rezar” por sorte e passa a gerenciar a segurança com dados, velocidade e rastreabilidade. Afinal, tranquilidade não é obra do acaso — é resultado de tecnologia bem aplicada e gestão profissional.

