Quando falamos em cooperativismo, a maioria logo pensa em grupos de agricultores ou em bancos de crédito com taxas menores. Na prática, porém, cooperar é um estilo de vida — e, em Santa Catarina, ele sustenta parte expressiva do PIB estadual.

Ao reunir cidadãos, empresas e entidades em torno de objetivos comuns, o movimento gera renda local, fortalece a economia circular e ainda devolve benefícios sociais diretos à comunidade.

Associativismo × cooperativismo

Primeiramente, é preciso compreender a diferença entre associativismo × cooperativismo:

  • Associativismo — empresas de um mesmo setor se unem dentro de uma entidade (como a ACIBALC) para capacitações, compras coletivas e lobby setorial.
  • Cooperativismo — pessoas (físicas ou jurídicas) criam uma sociedade de membros sem fins lucrativos, onde cada cooperado é dono e usuário. O excedente econômico volta em forma de sobras, programas sociais e investimentos na cidade.

A conquista que coloca balneário camboriú no mapa nacional

Graças ao trabalho do Núcleo de Cooperativismo da ACIBALCAssociação Empresarial de Balneário Camboriú e Camboriú, a Câmara Municipal sancionou a Lei 5.010/2025, que declara o cooperativismo patrimônio cultural imaterial de Balneário Camboriú. O projeto, protocolado pelo vereador Anderson Santos, baseou-se em dados de impacto fornecidos pelo Núcleo:

  • R$ 4,2 milhões em impostos e salários girados na economia local em 2023;
  • 4 mil crianças atendidas em programas de educação financeira;
  • + de 10 t de alimentos e 4 mil caixas de leite doados em um único Dia C (Dia de Cooperar).

Uma das frentes mais robustas do Núcleo é o Programa de Educação Financeira nas Escolas. Especialistas de cooperativas de crédito, como Sicredi, Sicoob e Unicred, levam oficinas lúdicas a alunos de 5 a 17 anos. O resultado aparece em histórias como a relatada por uma mãe, de que o filho chegou em casa explicando a diferença entre ‘querer’ e ‘precisar’. Então, depois disso, a família iniciou o primeiro “cofrinho familiar”.

Ações que transformam bairros inteiros

De acordo com Karla Fracari, vice-presidente do Núcleo de Cooperativismo da ACIBALC, a associação tem promovido uma série de iniciativas que já transformaram bairros inteiros de Balneário Camboriú e Camboriú.

Ela cita, por exemplo, os mutirões de limpeza e pintura de escolas públicas, que envolveram mais de 200 voluntários. Bem como, a instalação de hortas comunitárias em praças antes abandonadas e a negociação coletiva de energia solar que reduziu em até 30% a conta de luz de pequenos comerciantes.

Além disso, a criação de um fundo solidário para aquisição e distribuição de cestas básicas, beneficiando mais de 500 famílias em situação de vulnerabilidade. Essas ações, reforça Karla, demonstram como o cooperativismo gera resultados concretos e imediatos na qualidade de vida da comunidade.

“Unir forças com outras cooperativas mostra que concorrência pode virar parceria. Economizamos nas compras e dobramos o impacto social”, conclui Karla.

Por que sua empresa (ou condomínio) deve aderir o cooperativismo?

  1. Economia real — negociações coletivas reduzem custos de energia, seguros e serviços bancários.
  2. Marca valorizada — consumidores preferem negócios com propósito social comprovado.
  3. Força política — leis como a 5.010/2025 nascem quando o setor fala com voz única.

Como começar em passos simples?

Segundo Karla, para aderir ao cooperativismo em seu condomínio basta seguir alguns passos simples. Primeiro, reúna síndico, administradora e moradores interessados em uma reunião de apresentação, onde serão expostos os benefícios e objetivos do modelo cooperativista.

“Em seguida, formalize a intenção junto à ACIBALC, criando um pequeno grupo de trabalho para coordenar as ações iniciais. Depois, escolha uma ou duas iniciativas prioritárias — como compra coletiva de materiais, mutirões de limpeza ou hortas comunitárias — e defina cronograma, responsabilidades e prazos”, explica a especialista.

Por fim, divulgue amplamente os resultados alcançados, incentivando cada vez mais condôminos a participar e garantindo a perenidade do movimento cooperativista no dia a dia do seu empreendimento.

Smart Cities cooperativas

A princípio, “Smart Cities cooperativas” são municípios que adotam princípios de cooperativismo para planejar, gerir e oferecer serviços urbanos de forma colaborativa, inclusiva e tecnologicamente avançada.

Karla pontua que a meta do Núcleo para 2030 é integrar cooperativas de energia renovável, saúde e crédito na gestão de bairros inteiros, transformando Balneário Camboriú em referência nacional de cidade colaborativa.

Dessa forma, Smart Cities cooperativas unem tecnologia “smart” com governança cooperativa, promovendo eficiência urbana, engajamento cidadão e distribuição justa de benefícios.

Em conclusão, do cafezinho comprado em uma cooperativa de consumo às grandes obras financiadas por cooperativas de crédito, o cooperativismo catarinense mostra que desenvolvimento sustentável não é discurso: é prática diária, compartilhada e lucrativa para todos. Basta dar o primeiro passo e cooperar!

Lanume Weiss
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